jfm

21.5.06

Do lado de lá

No meio de uma visita ao Oceanário de Lisboa. E uma inundação da sensação de estar 'de fora'.
Sermos capazes de nos colocar do lado de lá é muito complexo. Sair da pele e 'olhar de fora' - perguntar 'mas o que é isto? esta coisa onde estou? estou?! o que quer dizer estou?' e de seguida sentir uma vertigem enorme como se se estivese a entrar em território vazio.
Não dá para explicar. Mas é uma sensação ambígua de prazer e de terror. É como habitar outro. Outro tudo.

Aí ele chamou-me à Terra: "Agora nós eramos peixes, eu era o tubarão e..."

2 Comments:

Blogger mada said...

chamou-te à Terra ou levou-te para outro planeta? Um planeta menos molhado, mais controlável porque joga ao "faz de conta" com palavras (e não só com sensações) que, por acaso, é um jogo que acho que os adultos de cá vão sendo "peritos" no seu pior...

4:48 da tarde  
Blogger jfm said...

O 'lado de lá' é muito mais do que possa descrever. É a consciência da vida, o olhar 'de fora' da vida, algo que consigo sentir durante breves instantes mas que o meu corpo-mente não aguenta e 'estoira' como se se tivesse 'passado'.

Uma coisa muito diferente é o faz-de-conta. O faz-de-conta pode ser visto à Goffman - tudo se passa em interacções num palco onde nos apresentamos, onde a fala se adapta á audiência, onde os 'frames' que usamos para ler situações são eles próprios parte do nosso faz-de-conta. Nos adultos mais que nas crianças porquye a consciência do social é maior.
Mas o faz-de-conta em que "adultos de cá vão sendo 'peritos' mno seu pior..." a que te referes é apenas parte do faz-de-conta mais lato, de formas de vida que são criadas e sustentadas por causa de si mesmas, num faz-de-conta assumido como sendo ele próprio o que há a viver. O mundo social é, neste sentido, um faz-de-conta. O tempo (e também o tempo social) é um faz-de-conta.

5:06 da tarde  

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