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2.4.06

As certezas...

"A ideologia da certeza designa uma atitude relativa à matemática. Refere-se a um respeito demasiado pelos números. Esta ideologia reclama que a matemática, mesmo quando é aplicada, dará origem a soluções correctas que são seguras por via da sua certeza matemática. A "certeza" da matemática (pura), seria de algum modo transferida para a "certeza" das soluções dos problemas. A matemática é assim entendida como a ferramenta adequada para resolver uma variedade de problemas quer do dia-a-dia quer de natureza tecnológica. Este princípio tem raízes óvias numa corrente da filosofia da matemática mas também na matemática escolar (da sala de aula). A ideologia da certeza representa um elemento dogmático que é alimentado em geral pelo ensino da matemática, mas não (espera-se) por todas as suas formas". (Skovsmose, 2005, p.48).

Esta é uma citação do livro recente de Ole Skovsmose (traduzida por mim) Travelling Through Education: uncertainty, mathematics, responsibility (Editora Sense Publishers) que inicia um capítulo sobre a Matemática em Acção em que o autor reflecte sobre a ideologia da certeza e a realidade virtual criada com uma visão dogmática da realidade assente em pressupostos rígidos acerca da bondade da matemática. Para não deixar de ler. E reflectir no que fazemos como educadores e professores de matemática nos dias de hoje.

Mais uma vez historicamente nos vemos confrontados neste data com desafios na acção e na política de curto prazo com conceitos, representações, intencionalidades, no campo da educação e da formação, que parecendo por vezes convergir, traduzem filosofias, teleologias, e sentidos contraditórios. Como ultrapassar tal confronto?*

*Pedi este parágrafo emprestado a Teresa Ambrósio em A Complexidade da adaptação dos processos de formação e de desenvolvimento humano, in Formação e Desenvolvimento Humano: Inteligibilidade das suas Relações Complexas, MCX/APC-Atelier nº34, 2004, p.32.

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