jfm

23.4.06

Fala, gesto e mente

O gesto e o discurso estão intimamente ligados nos adultos. Quando as pessoas falam e gesticulam ao mesmo tempo o passo do gesto e da fala é o mesmo - há completa sincronia. A relação temporal entre uma coisa e outra é tão grande que quando há hesitação na fala, essa hesitação é simultânea no gesto. E a análise do desenvolvimento das crianças mostra que elas tendem a iniciar o gesto sem acompanhamento de fala e mesmo quando as primeiras tentaivas de fala se dão a sincronia com o gesto ainda é imperfeita. mas ela aperfeiçoa-se à m,edida que o significado da fala se desenvolve. É impressionante como os humanos adquirem a forma de vida a que nos habituámos no dia-adia e em que já não reparamos. Mas mais do que isso, é impressionante como a linguagem corporal (de que em geral não temos consciência) 'fala' por nós muitas vezes acompanhando a fala e muitas vezes acontecendo por si só - ou melhor, sincronizada com a conversação interna. A observação das pessoas em locais públicos (onde obviamente é lícito observá-las), dos seus gestos mais pequenos, da sua fala, permite reconhecere intencionalidades, e mais que isso, permite perceber um pouco como pensam.
É essa autêntica porta para a mente que me seduz.

Tudo isto a propósito da leitura diária do Goffman em Forms of Talk (University of Pennsylvania Press, 1981) mas que cruza com a perspectiva corporizada da cognição que decidi revisitar (depois de alguns anos de banho-maria) através de novo do livro The Embodied Mind (F. Varela, E. Thopmson e E. Rosch, MIR Press, 1995) .


E isto lembrou-me ir reler o livro do Rafael Núñez e George Lakoff - Where mathematics comes from - mas falo disso aqui um dia destes.

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